Relembrando Tex Avery

by Zeh on May 18, 2009

Documentário sobre Tex Avery, em cinco partes. Esse cara era do mal.

O “vídeo promocional” corporativo que começa em 4:30 é hilário. That’s for sure a lot of balooney.

Enfim, uma coisa estranha de desenhos animados e cartoons antigos em geral é que a grande massa não conhece direito os verdadeiros heróis. Fala-se muito de Walt Disney, já que ele fundou um grande conglomerado e a história é escrita pelos chefes, mas poucos sacam que quem levou a coisa a outro patamar criativo mesmo – pra não citar que criaram a maioria dos personagens – foram caras como Tex Avery, Carl Barks e outros.

Dez dicas para seus primeiros dez anos de carreira

by Zeh on May 13, 2009

Como disse antes, aqui vai o slideshow da curta apresentação que fiz no InterfaceCamp do Senac algumas horas atrás. É um slideshow bem simples.

Essa palestra contém 10 (11, na verdade) dicas que acho legal pra quem está começando na carreira. Elas são bem pessoais, e razoavelmente práticas – um resgate do que aprendi em 15 anos de experiência. Talvez nem todas sirvam pra todos (até porque são mais voltadas pra profissionais web/motion), mas achei legal passar já que na pior das hipóteses uma ou outra pode servir bem. Seguem elas abaixo, explicadas, pra complementar o slideshow.

1. Faça o que você gosta. Importante por dois motivos: você trabalha mais feliz, e você tem mais gás para ir atrás e se atualizar. Querer trabalhar com algo que você não gosta só porque dá dinheiro ou tem demanda é receita pra uma qualidade de vida inferior.

2. Tenha foco, mas não tenha medo de ser multidisciplinar. Especialize-se em algo. Animador não tem de saber programação. Programador não tem de saber design. Os profissionais ideais não são os que fazem tudo, mas os que fazem bem seu trabalho – e que, talvez, saibam um pouco de outras áreas. Ser multidisciplinar é legal pra ficar antenado no que rola, e ter conhecimentos que lhe permitem explorar bem sua própria área de atuação. As únicas empresas que querem profissionais que fazem tudo são empresas que não sabem que tipo de profissional querem contratar (e isso vem de um programador que desenha, gosta de animação, e de modelagem 3d).

3. Aprenda inglês. A quantidade de informações em inglês é extremamente vasta, muito maior do que a quantidade em qualquer outra língua, bem como a velocidade com que tal informação é gerada. Saber inglês abre inúmeras portas e faz com que o seu conhecimento em potencial aumente de forma exponencial. Todos devemos aprender inglês para leitura o quanto antes. Quem quiser saber mais sobre o assunto, escrevi muito mais neste post anterior.

4. Mantenha uma lista de pendências. Dica prática: manter uma lista do que deve ser feito num projeto te ajuda a realizá-lo. O ideal é começar com uma lista bem alto nível, com tarefas bem gerais, e ir detalhando conforme você as realiza. Além disso, a lista pode funcionar como um guia da metodologia que você usará pra realizar uma tarefa, já que você pode listar as tarefas que devem ser criadas em ordem cronológica. As listas devem ser simples: um item por linha, e você vai riscando (ou apagando) itens conforme são feitos. Eu mantenho listas de pendências em documentos do Google Docs, e uma lista meta, mais geral, num bloco de papel que deixo anotado do lado do computador mesmo.

5. Arquive seus trabalhos. Sempre guarde sempre seus trabalhos, de preferência organizados por pastas que façam um sentido cronológico (anos, meses, etc). Fica mais fácil na hora de reunir portfólio, ou buscar alguma coisa antiga. Não deixe pra depois. Um pouco de organização já ajuda muito; assuma uma metodologia de nomenclatura de pastas e a utilize sempre.

6. Aprenda a achar as respostas, ao invés de saber tudo. Ninguém é dono do conhecimento, principalmente hoje. Ninguém sabe tudo. Ao invés de tentar saber tudo, saiba encontrar a resposta – que mecanismos utilizar (Google) e como procurar. Profissionais hoje podem ser vistos como indexadores de informação mais do que receptáculos de informações estáticas. Não tenha medo de procurar, ou de saber algo por cima. A resposta sempre está lá fora.

7. Faça seu portfólio. Quando alguém vai te contratar, quer ver seu portfólio. Liste seus trabalhos, faça um portfólio. Currículo vale pouca coisa.

8. Portfólio tem de ser simples. Não precisa de pirotecnia, animação, seja o que for. O portfólio tem de ser simples e informar bem – imagens e descrições do que você fez. Você vai mostrar sua qualidade através dos trabalhos que fez, não do portfólio. Qualquer um pode fazer um portfólio extravagante; uma empresa quer é ver como você saiu com tarefas reais, sejam pra clientes, sejam pra escola. Ninguém quer levar um tempão pra poder ver os trabalhos.

9. O melhor lugar pra trabalhar é um conceito relativo. Não é porque uma agência é conhecida que ela é o melhor lugar do mundo pra trabalhar. Às vezes não é nem porque os trabalhos dela são ótimos. Lógico que todo mundo gosta de fazer trabalhos legais, mas a qualidade dos trabalhos ou a fama da empresa não querem dizer nada sobre a qualidade de vida de quem trabalha lá. Tem muito lugar legal pequeno ou pouco conhecido.

10. Salário não significa (quase) nada. Não é porque algum lugar paga bem que o trabalho é bacana, que as pessoas são gente fina, ou que você vai aprender muito. Pode ser o contrário: ganhar bem estando preso num lugar horrível onde você não aprende e não desenvolve um trabalho legal é um beco-sem-saída. Salário deve ser um dos últimos ou o o último item a ser usado na hora de decidir onde você quer trabalhar. Existem exceções a esta regra – por exemplo, quando você precisa de um salário suficiente pra pagar sua faculdade, ou seu aluguel.

xx. Tenha karma. Dica bônus. Fiquei meio com vergonha de falar muito na hora, até porque não quero parecer pregador e porque é um assunto mais genérico, mas aqui a idéia é, seja um cara gente boa, preocupe-se com seu próprio trabalho, e as coisas acontecem. Não tente passar a perna em ninguém, não tente tomar atalhos, não tente gozar com o pau dos outros tomar crédito de trabalhos que não são seus. O mercado não é tão grande quanto parece, e tentar dar uma de espertinho nesse meio não compra muitos amigos. Pra quem faz um trabalho legal, o reconhecimento vem naturalmente.

A grama do vizinho é mais modular

by Zeh on May 12, 2009

Não sei quando foi, mas a School of Visual Arts de Nova York atualizou sua lista de catálogos online, colocando no ar o catálogo 2009-2010 dos cursos de pós-graduação (em versão PDF).

Uma daquelas coisas que planejo-mais-ou-menos há muitos anos é fazer o curso de Master of Fine Arts em Computer Art deles (equivalente a mestrado aqui), por isso eu checo às vezes pra pegar a versão mais nova do catálogo e saber a quantas anda o lugar e o curso.

School of Visual Arts - Gallery

Também tem vários trabalhos bacaninhas mostrados no site do curso.

Uma coisa legal de universidades Norte-americanas, a julgar por conversas que já tive com amigos nativos, é que você faz o currículo de seu curso do jeito que quiser, já que você pode escolher as matérias que quer assistir. O catálogo da SVA confirma isso, já que lá são listadas as matérias que você pode escolher – e são até mesmo fornecidos modelos de combinações para perfis específicos de formação. As únicas exigências quanto à montagem do currículo são a inclusão de algumas poucas matérias obrigatórias, e um número mínimo de créditos que devem ser cursados.

Pelo que entendo, essa solução é uma coisa que não pode ser feita aqui porque o MEC não permite. Não sou educador ou pedagogo, estão é uma visão meio leiga do assunto, mas do jeito que as coisas tão caminhando, acho difícil que essa estrutura de cursos engessados consiga durar muito tempo. O curso de Interfaces Digitais que fiz no Senac sofre um pouco disso – os perfis dos estudantes do curso são muito diferentes – e tentar fazer um curso para todos sempre gerava frustrações, como quando você tentava forçar alguma mente criativa a aprender programação de forma rápida, ou alguma mente analítica a desenhar.

O problema nem é ter uma aula de programação, mas colocar todos os alunos dentro do mesmo saco. Não é surpresa que o tal curso em Computer Arts citado acima tenha uma matéria chamada Programming for Artists, e que outras matérias sejam divididas em diversos módulos introdutórios e avançados.

No caso do Senac, acho que as malfadadas atividades complementares foram uma tentativa de ir por um caminho nesse sentido de permitir uma customização, mas não deu muito certo. Pelo menos foi um passo; quem sabe no futuro.

Communicate yourself before you wreck yourself, said the old warrior

by Zeh on May 11, 2009

Dia 13 (quarta-feira próxima) às 20:00hs farei no InterfaceCamp do Senac uma apresentação chamada “Dez dicas para seus primeiros dez anos de carreira”. É algo bastante pessoal, e são algumas dicas simples, mas que eu considero importantes pra quem tá começando a carreira agora – coisas que venho usando nos últimos anos ou que só recentemente saquei o quanto são importantes. São também, em sua maioria, respostas às dúvidas mais frequentes que costumo ouvir de quem está começando a trabalhar ou estudar, então achei que seria legal trazer isso pra dentro do ambiente acadêmico.

De todas as dicas que preparei pra apresentação, tem uma que considero uma das mais importantes, senão a mais importante (porque muita gente não a considera como tal). No dia mesmo eu não vou falar tanto do assunto: tava ficando muito extenso, e muito negativo, aí dei uma resumida, já que tinham outras dicas mais positivas pra serem dadas. Eu vou, então, usar este espaço ao invés pra descarregar meu argumento. Spoiler alert: pra quem for assistir à apresentação, pode ignorar e ler depois.

Enfim, é algo que muita gente não gosta de ouvir, ou tem preguiça de pensar nisso, ou fica até ofendido quando me ouve sugerindo o lance e discutindo as razões. Mas, aqui vai:

Todos temos de aprender inglês, e aprender bem. No mínimo, pra poder ler qualquer texto ou livro em inglês sem problemas.

Não precisa sair escrevendo artigo em inglês, vendo LOST sem legenda (apesar de ser bem melhor!), ou falando numa boa com gringo via Skype. Mas tem de saber ler. E tem três principais razões pra isso.

A primeira, talvez mais óbvia (e que engloba as outras), é que a quantidade de informações disponível sobre qualquer tipo de assunto é muito maior em inglês. A menos que estejamos falando sobre algum assunto extremamente específico do Brasil, tipo Acarajé, você vai ter muito mais fontes de informação na língua inglesa do que na portuguesa. Quer ver? Procura no Wikipedia por qualquer coisa, tipo, sei lá, Zeus. A versão em inglês da página vai ser invariavelmente maior que a versão em português. Muitas vezes, muito maior. Isso se a versão em português sequer existir.

A mesma coisa se percebe quando você quer procurar um assunto no Google: nosso querido Zeus retorna 14 milhões de resultados em inglês, contra 2 milhões em português. Uma diferença do tamanho do monte Olimpo.

A segunda é que qualquer conteúdo que é traduzido para o português acaba sendo lançado com uma grande atraso. Saiu um livro legal em inglês que tá fazendo o maior sucesso? Ótimo, agora espere meses (ou anos) até o mesmo conteúdo sair em português. Ah, e vai ser mais caro que o original. Isso se sair, obviamente.

Essa situação se agrava quando se trata de livros técnicos. Você espera 1 ano por um livro sobre, sei lá, alguma versão de alguma linguagem de programação, e quando ele sai o assunto já está defasado.

A mesma coisa acontece com conteúdo online. Sempre que algo de novo acontece, é divulgado em inglês. Não adianta. Acaba saindo só em português quando alguém resolve traduzir. Você lê novidades de informática, gadgets e afins em blogs em português? Maravilha – esses caras, em sua enorme maioria, não fazem nada além de xupinhar conteúdo dos originais em inglês e traduzi-los pra consumo local. São só intermediários. Tudo que você lê é filtrado, mastigado, e regurgitado. O que você lê é o vômito coletivo de algo que outros acharam que você gostaria de engolir. Fora quando é mal traduzido.

A terceira razão, talvez maior, é que mesmo quando algo é finalmente traduzido, a tradução geralmente é feita de uma forma bem porca, ou sofre de problemas graves de perda de significado. Isso porque tradução, na verdade, é uma mentira. É um faz-de-conta. Pra uma tradução ser realmente bem feita, o tradutor precisa saber muito bem do que está falando, de modo a reescrever o texto, ao invés de fornecer uma tradução literal de algo. E mesmo assim existem problemas, que geralmente pediriam extensas notas de rodapé em qualquer tradução – coisa que, pela minha experiência, praticamente nunca acontece.

Pra ilustrar esse problema, tem três causos que acho fantásticos.

O primeiro é sobre o livro Emergence, do Stephen Johnson. Cultuado livro pop-científico que fala sobre padrões que podem emergir de sistemas complexos – como de colônias de formigas, cidades e afins – o problema em traduzir o livro começa já pelo nome. Emergence, em inglês, vira Emergência, em português. O problema é que essa palavra tem dois sentidos distintos, sendo que o correto é o menos usado – aí você vê a capa e fica achando que o livro é um sobre acidentes e outras emergências. Isso porque a palavra “emergência”, em português, significa tanto uma situação de risco que requer ação imediata (emergency, em inglês) quando o ato de emergir (aí sim, emergence, o nome original).

Por sorte, eu li esse livro em inglês, e foram inúmeras as vezes que me deparei com frases que me fizeram pensar “cacete, isso é intraduzível pro português”. Isso porque o mesmíssimo problema do título se repete dentro do livro. O texto está escrito com palavras relativamente simples, mas que possuem um significado muito específico – e que seriam extremamente complicadas de se traduzir por não terem um equivalente direto em português. Pattern é uma delas. O significado original é algo como “qualquer tipo de tema recorrente”, e talvez pudesse ser traduzido como “padrão de comportamento” ou “padrão de reconhecimento” no livro dependendo do contexto usado em cada parte. Mas na versão em português, ela vira só padrão, provavelmente pra não deixar o texto muito esquisito, mas fazendo com que algumas frases tenham duplo sentido. A dificuldade fica mais óbvia quando você vê que, pra inverter, padrão pode ser usado não só como tradução de pattern, mas também de standard. Então quando você lê o livro, surge a dúvida sobre qual padrão que ele tá falando – um padrão de comportamento que é padrão, porque ele se repete em determinadas situações, ou um padrão de comportamento que é padrão porque é o esperado em alguma situação?

Nesse caso, o problema nem é tanto devido à capacidade ou atenção do tradutor. Pelo que ouvi dizer, a tradução que foi feita desse livro é realmente muito boa, contando até mesmo com notas de rodapé que explicam o contexto onde as palavras difíceis acabam se inserindo. A tradutora mesmo parece super gente boa (ela tava acompanhando o Steven Johnson na Campus Party de São Paulo em 2008, fazendo as vezes de intérprete e ajudando-o a responder questões do público, o que me leva a crer que ela está bem a par do trabalho do cara). Então esta nem é uma crítica à tradução deste livro, já que nem o li em português. É mais uma ilustração dos problemas que existem pra realizar uma tradução: e meu argumento de que, por melhor que ela seja feita, lidar com a tradução acaba virando um empecilho pra quem quer entender o texto. Você primeiro tem de entender o que o tradutor quis dizer, já que vai invariavelmente ler um texto adaptado, pra depois entender o que o texto original estava falando.

O segundo causo é muito pior, e provavelmente muito mais comum. É quando as traduções são mal feitas mesmo.

Eu gosto muito de ler ficção científica. Leio desde que era moleque. E o último livro de ficção científica que li em português, há, acho, uns 10 anos atrás, foi Neuromancer, do William Gibson. Foi o livro que deu origem ao que depois foi chamado de ficção científica cyber-punk. Esse livro eu acabei lendo em português por mero acidente – nessa época mesmo eu já lia só ficção em inglês, porque livros desse tipo em português eram praticamente inexistentes (na verdade, um dos motivos principais de eu ter aprendido inglês foi pra poder ler o que eu gostava – eu me forçava a ler os livros mesmo quando não entendia 100% do que tava acontecendo).

Enfim, eu li o livro inteiro, e pra ser sincero, entendi pouco. Era tudo muito confuso. A impressão é que era uma história tipo Blade Runner contada por um maconheiro. Fiquei com a impressão de que era o estilo do autor – escrever de uma forma mais surreal, mais metafórica. De que você tinha de parar pra pensar no que o cara tava descrevendo e chegar às suas próprias conclusões.

Alguns anos depois, achei uma MP3 do audiobook do livro pra baixar. Decidi baixar o tal audiobook pra escutar no carro, enquanto ia e voltava do trabalho, já que pegava um trânsito do cacete nessa rotina.

Ouvir o audiobook me revelou uma história muito diferente. Eram inúmeras as situações que eu não me lembrava de quando li o livro. Principalmente o final. Tá, fazia um tempão que eu tinha lido o livro, mas como eu podia ter esquecido tanta coisa?

Depois de ter ouvido o final, a primeira coisa que fiz foi chegar em casa e procurar o livro pra conferir. Li a parte final inteira, e, batata – era muito diferente do que eu havia ouvido. A versão do audiobook era bastante concreta, descritiva, enquanto que a versão do livro, traduzida, era completamente abstrata. Foi aí que saquei – comparando algumas frases da versão escrita com a versão em áudio, ficou claro que era um problema de tradução. A pessoa que havia feito a tradução não fazia a mínima idéia do que estava fazendo, e recheou o texto de frases traduzidas em sua forma literal, sem nenhuma preocupação com o contexto ou o argumento. Era tipo passar a história por um moedor de carne e tentar juntar os pedaços depois no formato do bife original. Perdia completamente o sentido.

Por isso que, anos depois, tive de dar muita risada quando vi que havia uma nova edição do livro sendo lançada numa vitrine da Livraria Cultura. Estampado bem grande do lado do livro em exibição estava a frase “nova tradução”.

E nem pense que este é um problema exclusivo de livros. O mesmo acontece com notícias e afins. Por exemplo, já vi diversas notícias que vêm da Reuters ou outras agências internacionais postadas no Estadão com uma tradução porca, do tipo que comete aqueles erros crassos e cai na armadilha de diversos falsos cognatos.

Mas, se quer saber, foda-se. Muito melhor do que esperar a boa vontade de uma editora ou um site é pegar o original. Sem demora, sem perda de significado, e sem depender de ninguém. Se eu fosse depender do português, não teria lido 90% das séries de ficção que já li até hoje. Não são poucas.

O último causo é mais específico e relacionado a livros técnicos. Livros técnicos são de tradução notoriamente difícil, porque alguns termos podem fazer parte das linguagens ou softwares usados e não podem ser traduzidos. Um exemplo típico é a palavra Array. Essa palavra faz parte de muitas linguagens de programação, já que é usada pra descrever um tipo de dado bastante comum – matrizes ou listas de dados.

O problema é que você tem de traduzir a palavra em algumas das explicações, senão fica uma mistureba de palavras sem sentido, com inglês no meio do português. Então uma frase do tipo “To create an array of data you use the Array type” vira “para criar uma matriz de dados você usa o tipo Array”. Tá correto, mas aí você acaba usando duas palavras pra mesma coisa, perde um pouco da explicação. Então cada livro faz de um jeito.

E coisas do tipo String então, sem tradução direta? Se você for usar a tradução literal (corda), acaba virando algo completamente nonsense. A tradução prática (texto) é genérica demais, e pode também introduzir problemas no futuro. Por isso você acaba tendo textos misturados, algo do tipo “Crie uma string paga guardar os dados…”. Vira uma salada.

Outro problema relacionado a isso é que se o tradutor escolhe uma tradução completa, ele pode acabar tendo um choque de palavras. A melhor explicação ainda é sobre o Array. Essa palavra geralmente pode ser traduzida para lista, conjunto ou matriz. O mais comum, pelo que já vi, é matriz. Aí a linguagem sofre uma atualização – caso do Flash mais recente – e adicionam um novo tipo de dado, chamado de Matrix, esse sim uma matriz numérica, no sentido mais matemático da palavra. E como você vai traduzir isso, se matriz já quer dizer Array? Acaba precisando reescrever toda a explicação, assumindo uma nova palavra pra um diferente tipo de dado. Tutoriais escritos anteriormente se tornam defasados.

Não tem saída fácil. O melhor é usar sempre só o original para não ter de lidar com problemas intermediários – isto é, conteúdo em inglês.

Talvez pra mim seja meio suspeito falar disso tudo como se fosse a coisa mais fácil do mundo, porque aprendi inglês relativamente cedo. Sei que não é. Mas quem está ainda pensando se vale a pena aprender inglês tem de pensar que a gente está numa cultura onde saber onde achar a informação (e fazê-lo de forma rápida) tem mais valor do que reter a informação. Nesse aspecto, recusar-se a utilizar fontes na linguagem mais utilizada é, sinceramente, burrice.

E perceba que de todos os exemplos que citei, em áreas mais técnicas, tipo programação, o problema é muito pior. Vai procurar solução pra algum problema de, sei lá, Flash, em português. Vai existir, mas pra cada item que você achar em português, vai achar mais 100 em inglês.

E na questão técnica o problema é muito pior não porque existe o domínio de algum grande império que visa massificar sua cultura capitalista, mas sim porque faz sentido que uma linguagem seja adotada pra comunicação global. Quando você procura por algum conteúdo em inglês, você não está procurando necessariamente por conteúdos escritos por Norte-americanos ou Ingleses. Está procurando por conteúdos escritos por gente de todo o mundo, e isso é uma coisa que profissionais notoriamente pragmáticos – programadores, cientistas, etc – abraçam mais rapidamente.

Meu trabalho de conclusão de curso é um bom exemplo disso. É um trabalho acadêmico realizado pra uma faculdade Brasileira, mas 90% das referências são em inglês. Não quer dizer que eu não procurei por nada em português – procurei, não só em bibliotecas locais, como em bibliotecas eletrônicas parceiras do Senac. Mas os trabalhos encontrados acabavam sendo extremamente deficientes e sempre apontando pra referências em inglês que aí sim eram o que eu buscava. Não só isso, mas utilizar o scholar.google.com fez com que minha pesquisa fosse muito mais produtiva. Imagina se eu fosse ignorar todo conteúdo em inglês pro meu trabalho – ele não ia sair nunca.

Enfim, realmente acredito que uma das primeiras coisas que alguém deve fazer pela sua carreira profissional é aprender inglês.

E antes que alguém entenda errado, eu não detesto o português. Ao contrário; uma das razões de eu ter iniciado este blog é exatamente pra praticar mais o português, algo que eu tava começando a deixar de lado sem querer. E o inverso do que falei também é verdade – tenho pena de quem tem de ler Jorge Amado em inglês e vai provavelmente pegar um texto tão mal traduzido (ou hermético) quanto costumamos pegar nos nossos livros traduzidos do inglês. Como que alguém vai traduzir Marinete pra inglês sem perder parte do significado ou a beleza quase sinestésica do nome? Abra a boca e diga: “Marinete”. Vai virar o quê em inglês, Coachy?

Aprender inglês não é desaprender o português. Não é questão de valorizar uma língua estrangeira e desvalorizar nossa língua. É abrir a possibilidade de pesquisa e de busca de informações pra muitas outras fontes. É agregar, não trocar.

No meu tempo, tínhamos de caminhar 10km debaixo de neve pra fazer um download

by Zeh on May 10, 2009

Vídeo véio, mas vale a pena – Did you know?

(Fonte: Mashable)

Uma coisa que sempre me vem à mente mas que evito falar muito pra não dar a impressão de que sou o velho chato é de como as coisas mudaram nos últimos 15 anos. Tenho de me segurar pra não começar uma frase com “no meu tempo…”. Não porque sou velho demais, espero, mas porque as coisas mudaram rápido demais, e porque comecei a usar a Internet no comecinho da exploração comercial no Brasil, então fica fácil de comparar algumas coisas.

Abraham Simpson

Acho que comecei a usar a Internet (de verdade, sem contar email e newsgroups, que já eram fáceis antes através de BBSs) em 1995 mais ou menos. A primeira coisa que me lembro de ter feito é procurado a letra da música Killing in the Name, do Rage Against The Machine. Essa era a música mais conhecida da banda, mas também a única música cuja letra não vinha incluída no disco (disco!) que eu tinha deles. Meus conhecimentos de inglês na época não eram suficientes pra entender exatamente o que a música dizia, então estava procurando pela letra há tempos.

Nessa época não existiam bons indexadores de conteúdo dinâmico (como o Google é hoje), só mecanismos de busca que procuravam em listas pré-determinadas de páginas, que tinham de ser cadastradas (cadastradas!) no site pelos próprios autores. Mesmo assim, utilizei o Yahoo (Yahoo!), que era o rei da busca na época, e 15 minutos depois estava com a letra da música impressa. Fiquei felizão.

Hoje achar uma letra de música é a coisa mais fácil do mundo. Pior, achar o videoclipe da música costuma ser tão fácil quanto.

Outro exemplo meio relacionado: um dia, assistindo MTV, vi um videoclipe que achei fantástico. Era uma paródia de uma outra música bastante conhecida. Realmente pirei e queria saber mais sobre a banda – a única coisa que eu sabia era seu nome, que apareceu brevemente no final do vídeo. A solução que encontrei? Mandar um fax (fax!) pra MTV pedindo mais informações sobre a banda, e sua discografia. Nunca me responderam. Só muito tempo depois fiquei sabendo de quem se tratava a banda.

Hoje, levei poucos segundos pra encontrar o tal videoclipe no YouTube. A música era Bedrock Anthem, do Weird Al Yankovic – uma paródia de Under The Bridge Give it Away, do Red Hot Chili Peppers.

E não precisei mandar nenhum fax pra conseguir as informações que postei no parágrafo acima.

E uma última comparação. Nessa mesma época, procurar por alguma informação significava ir na biblioteca (biblioteca!) ou procurar numa enciclopédia (enciclopédia!), algo que toda família costumava ter em seu lar.

Lembro de um exemplo em particular: desde a sexta série do primeiro grau, peguei o costume de fazer um origami específico sempre que fosse a algum lugar diferente, tipo um bar, e deixar a dobradura de lembrança no lugar. Uma coisa assim meio inspirada em Blade Runner. Nessa mesma época em que comecei a usar a Internet, meus amigos na época já estavam cansados de me ver fazendo o mesmo origami toda hora, então decidi aprender a fazer alguns outros. O que fiz? Fui na biblioteca pública que ficava do lado do meu trampo, procurei sobre origami – o lugar tinha uns 2 livros sobre o assunto – e fiquei uma hora lendo os livros e praticando algumas das dobraduras. Não quis levar os livros de lá porque teria de criar cadastro, e esperar alguns dias pra minha carteirinha ficar pronta.

Voltei pro trabalho e procurei por “origami” online. Acabei achando a página do Joseph Wu, com inúmeras instruções pra montagem de origami, todas disponíveis gratuitamente (e obviamente, as opções de sites sobre o assunto hoje é muito maior).

Não quero ficar escrevendo bobeira muito óbvia aqui, mas por um lado eu acho que sou meio sortudo de poder olhar pra trás e colocar em perspectiva o quanto algumas mudanças recentes tiveram um impacto nas nossas vidas. Acho que pra quem já tinha Internet quando começou a se considerar como gente, fica difícil de ver o quanto as coisas mudaram. Não que fossem piores na época, porque afinal não existia nenhum outro quadro de referência pra comparação, mas o quanto eram mais lentas. A gente fica tão envolvido no contexto atual que esquece o quanto tudo mudou, e acho que é uma coisa que o vídeo acima passa legal.

E olhando mais pro presente, tem uma expressão em inglês que acho fantástica e que acho que não tem tradução pra português. É “take for granted“. A tradução literal mais próxima seria algo como “aceito sem questionamentos”. Na prática, a expressão significa que você considera algo como óbvio, assumido, certo – que você tem certeza de que terá algo disponível quando você precisar, então o impacto da sua presença não é mais sentido.

Essa expressão funciona bem pra explicar porque everything is amazing right now, and nobody is happy, algo que o vídeo abaixo mostra muito bem também.

(Fonte: The Technium)

E não me chamem de velho, tenho só 31. Uma criança.

Se vendêssemos pizzas como produzimos sites (10 anos depois)

by Zeh on May 7, 2009

Senta que lá vem a história.

Eu não gosto de falar mal de lugares em que trabalhei, e felizmente, não tenho muitos motivos pra isso. Ao contrário, tive a sorte de trabalhar em (ou para) diversos lugares fenomenais, com pessoas fantásticas, e poderia ficar falando dias sobre o assunto. No entanto, tem um lugar em específico onde trabalhei que me rendeu péssimas experiências; vou citá-lo aqui brevemente porque faz parte do contexto, então não me levem a mal. E nem importa muito, porque o lugar já fechou há anos mesmo.

Lá pros idos de 1999, eu trabalhava no departamento de produção web numa agência de propaganda. Era um trabalho bem ruim – não só porque era ainda o começo na Internet no Brasil (quando poucos clientes sequer tentavam entender a Internet) mas porque esta agência em específico tinha como uma de suas principais características abrir as pernas pra qualquer que fosse a vontade do cliente.

Nessa época, atendíamos um certo cliente que, devido ao fato de ser o principal cliente da agência, deitava e rolava na hora de pedir algum trabalho. Eram inúmeras “versões” de trabalhos que eram feitas, e inúmeros representantes do cliente envolvidos com a aprovação de qualquer coisa. Parecia um episódio dos Cavaleiros do Zodíaco, quando após derrotar um inimigo (diretor X) que em teoria era o mais forte do universo (mais chefe), surgia algum outro que era ainda mais forte (diretor Y), seguindo uma corrente interminável de aprovações. E sabe quando tem aquele cliente que não aprova algo porque a mulher dele não gosta de amarelo, e o site tem amarelo? Então. Esse cliente. Grande, trabalhando com tecnologia, conhecido nacionalmente, mas ainda assim, um cliente mala, em parte por culpa de como o atendimento era feito dentro da agência – que era basicamente fazer o que for que o cliente mandasse, afinal, ele estava pagando.

Obviamente, quem se fodia nesse cenário eram os peões que tinham de ralar fazendo trabalhos que seriam recusados pelos motivos mais esdrúxulos. Eu era um destes peões.

Nós levávamos tudo na esportiva. Reclamávamos mas fazíamos o trabalho, trabalhando madrugadas e finais de semana, mesmo que fosse pra algo que sabíamos que era a décima versão (sem exageros) de algo péssimo. Até que um dia, não podendo mais me conter, escrevi, com a ajuda e sugestões do Alessandro Straccia, do Ivan Clever e do Giuliano Arsati (que trabalhavam comigo), um texto intitulado “Se vendêssemos pizzas como produzimos sites”, carinhosamente chamado de pizza.txt. Era um texto bem chulo, sem muita revisão, mas que retratava nosso dia-a-dia de trabalho através de analogias com o trabalho de uma pizzaria, deixando claro o quão surreais eram algumas das situações pelo qual passávamos. A maioria das situações citadas eram relacionadas a esse cliente que citei acima, mas tentamos fazer um apanhado geral da nossa área de trabalho.

Nessa época, eu também estava num momento experimental, tentando iniciar mensagens virais de forma anônima. Às vezes, deixar algo desse tipo sem assinatura ao ser distribuido funciona melhor pra popularizar do que deixar com o nome assinado. Sabe quando hoje em dia alguém escreve algum email reclamando de algo e assina “Millôr Fernandes”, “Arnaldo Jabor”, essas coisas, só porque quer transformar o email em corrente e sabe que vai ter mais credibilidade dessa forma? Então, é algo parecido (mas menos cretino, já que era anônimo, ao invés de roubar o nome de alguém).

Foi assim que decidi divulgar o texto. Copiei ele inteiro pra um email que mandei na famosa lista WD (iniciada pelo Michel Lent em, sei lá, 1996, acho). Essa lista era a lista de discussão da Internet brasileira à época (antes do racha que teve devido a discussões e da divisão em listas específicas, ou da reencarnação em outros formatos). Não assumi a autoria do texto – se bem me lembro, eu disse no corpo da mensagem que “achei por aí” ou que “um amigo me mandou” – e, após o envio, vi ele se alastrar rapidamente, como fogo selvagem, em outras listas de discussão, e até ser re-enviada algumas vezes na própria lista WD. Missão cumprida.

Até existiram outras alegorias que escrevi e distribuí de forma parecida, mas nenhuma teve tanto sucesso (ou foi tão boa, pra ser sincero) quanto essa da pizzaria. Foi com satisfação que fiquei sabendo, bem depois do ocorrido, que ela foi inserida no livro “Design/web/design:2“, de Luli Radfahrer (publicado em 2000) e atribuída a um “Autor desconhecido”. Embora a versão publicada tenha sido alterada (se me lembro bem, era uma versão encurtada, mais concisa), o livro, obviamente, ajudou a disseminar o seu conteúdo, então não é surpresa que várias pessoas ainda citem esse texto em blogs.

É um certo orgulhinho secreto. Se fosse assinado por alguém, duvido que o texto teria se propagado da forma como se propagou. Parte do charme da coisa era o fato de ser anônimo, e se alguém anunciasse a autoria do treco aos quatro ventos, acabaria soando meio prepotente. É tipo comer a Luana Piovani e não poder falar pra ninguém. Mas, como já fazem uns 10 anos do ocorrido, e duvido que muita gente vai ler isso aqui, fica aqui finalmente a confidência.

Eu andei procurando o texto original nos meus backups antigos desorganizados e não achei, e me parece que não existem arquivos da lista WD original online. Fica, então, difícil de comprovar a autoria. Mas, pra ser sincero, acho que nem importa muito; quem quiser acredita, e quem não quiser, pode deliciar-se assim mesmo com o texto, que continua, infelizmente, atual.

Na ausência do txt original, segue abaixo uma das versões que achei num site; não tenho certeza de que é a versão original (completa), mas acho que sim, a julgar pela ausência de acentos em algumas palavras (nessa época eu estava fazendo a transição de escrever textos em BBSs pra escrever textos da forma correta, então esquecia de acentuar boa parte do que escrevia) e alguns outros detalhes estranhos.

SE VENDÊSSEMOS PIZZAS COMO PRODUZIMOS SITES…

Imaginem as seguintes situações:

* O cliente liga pra gente pedindo uma pizza e esta mais preocupado com a aparência da pizza do que o conteúdo real dela.

* No meio do trabalho de confecção da pizza, o cliente liga pedindo pra você mandar pra ele um preview de como esta ficando a pizza para a aprovação (ou desaprovacao) dele.

* Após o cliente acima receber a pizza-preview, ele pede pra fazer “uma pequena alteraçãozinha”, substituir a mussarela amarela por mussarela verde, simplesmente porque ele gosta mais de verde. Isso faz com que você tenha de jogar a pizza antiga fora e produzir uma nova, que alem de dar mais trabalho ficara bem mais feia.

* O cliente te liga numa noite qualquer pedindo 500 pizzas para serem feitas em 15 minutos, pois ele tem uma festa pra ser iniciada e resolveu te ligar só agora.

* Você destaca seus melhores pizzaiolos pra atender a esse cliente porque seu pedido é ‘mais importante’ e deixa as pizzas dos outros clientes de lado, o que faz com que todos eles liguem pra reclamar que a pizza deles não esta pronta dentro do prazo.

* Após você produzir quase todas as pizzas do cliente acima, ele te liga avisando que não precisa mais de pressa porque ele errou a hora. Na verdade, você ainda tinha 4 horas pra produzir as pizzas.

* O cliente te pede pra colocar as azeitonas de forma simétrica de modo a dar destaque à area central da pizza, que afinal é a area mais importante do disco e é a primeira area que o cara que for comer a pizza deverá ver ao bater o olho nela.

* O cliente ouve falar de um novo “ingrediente da moda” e simplesmente se convence de que sua pizza devera ter esse ingrediente, apesar do ingrediente ser inútil nesse caso e só dar mais dor de cabeça pra ser implementado.

* O cliente pede uma entrega urgente que precisa ficar pronta em 2 minutos. Após você usar os seus melhores pizzaiolos, até contratar pizzaiolos freelancers pra fazer o serviço e atrasar novamente os outros servicos, você faz a entrega pro cliente e ele demora 4 horas pra começar a comer as pizzas.

* Ele pede que a pizza funcione perfeitamente mesmo pra quem gosta de pizzas pequenas, medias ou grandes, sem saber que isso demanda no triplo de esforço necessário, e não quer saber de pagar a maispor isso.

* Você faz uma pizza maravilhosa e entrega pro cliente, e ele então liga pra você pra reclamar que ele não tem garfo e faca, que são necessários pra comer a pizza.

* Um possivel cliente te liga pra pedir uma pizza e quando você pergunta que pizza que ele quer, ele te responde que não sabe, que só quer uma pizza porque todo mundo que ele conhece tem uma.

* O cliente te liga, pede uma pizza super incrementada e trabalhada, e simplesmente não entende como você pode cobrar tão caro por essa pizza, sendo que o boteco da esquina dele faz uma pizza por bem menos.

* Outro cliente te liga e pede uma pizza e fica abismado com o preço que você que cobrar pela pizza, e ele te diz que o sobrinho dele faz uma pizza por um décimo do preço que você pede (ele usa um template de pizza semi-pronta comprada no Carrefour).

* O cliente te liga e pede uma pizza linda, mas avisa que ja pediu a mesma pizza pra 5 outras pizzarias e só pagara a que ele gostar mais.

* O cliente te liga e pede que a pizza dele tenha todos os ingredientes possíveis e imagináveis que você tem no seu estoque, mesmo os mais absurdos possíveis, achando que isso fará a pizza mais atrativa a quem for come-la.

* O cliente pede a pizza, sem problema nenhum, mas você não poderá entrega-la por motivos de segurança. Ele não quer que você entre na casa dele, então você terá de entrega-la na casa do agente de segurança dele, que mora do outro lado da cidade, que então a entregara pro cliente…que mora do lado da pizzaria.

* O cliente não tem amigos americanos, nem espanhóis e nem nada em casa, mas mesmo assim te pede que você mande uma pizza com versões em inglês, espanhol, japonês, javanês, svenska, paquistanês, francês e gaulês.

Cru, mas meu melhor momento Luís Fernando Veríssimo.

Como nota de rodapé, pra ser sincero, alguns dos itens citados aí são de situações bastante específicas, então pode ficar difícil de sacar – por exemplo, o item “ingrediente da moda” citado acima era uma crítica direta ao fato do tal cliente querer um site em Flash com uma tecnologia caríssima que existia na época (Flash Generator) pra uma aplicação consideravelmente inútil (usuário poder mudar a cor de fundo da página!), quando o site dele funcionaria muito melhor se fosse em HTML. É também a razão pela qual alguns itens foram alterados ou excluídos do livro do Luli, acho.

E quem tiver mais informações sobre o arquivo da lista WD, pra ver se a gente consegue localizar o original disso, fique à vontade pra postar nos comentários.

Update: Luli Radfahrer postou um pequeno update sobre o texto em seu blog. Valeu!