Dez dicas para seus primeiros dez anos de carreira

by Zeh on May 13, 2009

Como disse antes, aqui vai o slideshow da curta apresentação que fiz no InterfaceCamp do Senac algumas horas atrás. É um slideshow bem simples.

Essa palestra contém 10 (11, na verdade) dicas que acho legal pra quem está começando na carreira. Elas são bem pessoais, e razoavelmente práticas – um resgate do que aprendi em 15 anos de experiência. Talvez nem todas sirvam pra todos (até porque são mais voltadas pra profissionais web/motion), mas achei legal passar já que na pior das hipóteses uma ou outra pode servir bem. Seguem elas abaixo, explicadas, pra complementar o slideshow.

1. Faça o que você gosta. Importante por dois motivos: você trabalha mais feliz, e você tem mais gás para ir atrás e se atualizar. Querer trabalhar com algo que você não gosta só porque dá dinheiro ou tem demanda é receita pra uma qualidade de vida inferior.

2. Tenha foco, mas não tenha medo de ser multidisciplinar. Especialize-se em algo. Animador não tem de saber programação. Programador não tem de saber design. Os profissionais ideais não são os que fazem tudo, mas os que fazem bem seu trabalho – e que, talvez, saibam um pouco de outras áreas. Ser multidisciplinar é legal pra ficar antenado no que rola, e ter conhecimentos que lhe permitem explorar bem sua própria área de atuação. As únicas empresas que querem profissionais que fazem tudo são empresas que não sabem que tipo de profissional querem contratar (e isso vem de um programador que desenha, gosta de animação, e de modelagem 3d).

3. Aprenda inglês. A quantidade de informações em inglês é extremamente vasta, muito maior do que a quantidade em qualquer outra língua, bem como a velocidade com que tal informação é gerada. Saber inglês abre inúmeras portas e faz com que o seu conhecimento em potencial aumente de forma exponencial. Todos devemos aprender inglês para leitura o quanto antes. Quem quiser saber mais sobre o assunto, escrevi muito mais neste post anterior.

4. Mantenha uma lista de pendências. Dica prática: manter uma lista do que deve ser feito num projeto te ajuda a realizá-lo. O ideal é começar com uma lista bem alto nível, com tarefas bem gerais, e ir detalhando conforme você as realiza. Além disso, a lista pode funcionar como um guia da metodologia que você usará pra realizar uma tarefa, já que você pode listar as tarefas que devem ser criadas em ordem cronológica. As listas devem ser simples: um item por linha, e você vai riscando (ou apagando) itens conforme são feitos. Eu mantenho listas de pendências em documentos do Google Docs, e uma lista meta, mais geral, num bloco de papel que deixo anotado do lado do computador mesmo.

5. Arquive seus trabalhos. Sempre guarde sempre seus trabalhos, de preferência organizados por pastas que façam um sentido cronológico (anos, meses, etc). Fica mais fácil na hora de reunir portfólio, ou buscar alguma coisa antiga. Não deixe pra depois. Um pouco de organização já ajuda muito; assuma uma metodologia de nomenclatura de pastas e a utilize sempre.

6. Aprenda a achar as respostas, ao invés de saber tudo. Ninguém é dono do conhecimento, principalmente hoje. Ninguém sabe tudo. Ao invés de tentar saber tudo, saiba encontrar a resposta – que mecanismos utilizar (Google) e como procurar. Profissionais hoje podem ser vistos como indexadores de informação mais do que receptáculos de informações estáticas. Não tenha medo de procurar, ou de saber algo por cima. A resposta sempre está lá fora.

7. Faça seu portfólio. Quando alguém vai te contratar, quer ver seu portfólio. Liste seus trabalhos, faça um portfólio. Currículo vale pouca coisa.

8. Portfólio tem de ser simples. Não precisa de pirotecnia, animação, seja o que for. O portfólio tem de ser simples e informar bem – imagens e descrições do que você fez. Você vai mostrar sua qualidade através dos trabalhos que fez, não do portfólio. Qualquer um pode fazer um portfólio extravagante; uma empresa quer é ver como você saiu com tarefas reais, sejam pra clientes, sejam pra escola. Ninguém quer levar um tempão pra poder ver os trabalhos.

9. O melhor lugar pra trabalhar é um conceito relativo. Não é porque uma agência é conhecida que ela é o melhor lugar do mundo pra trabalhar. Às vezes não é nem porque os trabalhos dela são ótimos. Lógico que todo mundo gosta de fazer trabalhos legais, mas a qualidade dos trabalhos ou a fama da empresa não querem dizer nada sobre a qualidade de vida de quem trabalha lá. Tem muito lugar legal pequeno ou pouco conhecido.

10. Salário não significa (quase) nada. Não é porque algum lugar paga bem que o trabalho é bacana, que as pessoas são gente fina, ou que você vai aprender muito. Pode ser o contrário: ganhar bem estando preso num lugar horrível onde você não aprende e não desenvolve um trabalho legal é um beco-sem-saída. Salário deve ser um dos últimos ou o o último item a ser usado na hora de decidir onde você quer trabalhar. Existem exceções a esta regra – por exemplo, quando você precisa de um salário suficiente pra pagar sua faculdade, ou seu aluguel.

xx. Tenha karma. Dica bônus. Fiquei meio com vergonha de falar muito na hora, até porque não quero parecer pregador e porque é um assunto mais genérico, mas aqui a idéia é, seja um cara gente boa, preocupe-se com seu próprio trabalho, e as coisas acontecem. Não tente passar a perna em ninguém, não tente tomar atalhos, não tente gozar com o pau dos outros tomar crédito de trabalhos que não são seus. O mercado não é tão grande quanto parece, e tentar dar uma de espertinho nesse meio não compra muitos amigos. Pra quem faz um trabalho legal, o reconhecimento vem naturalmente.