Histórias para bois e outros seres dormirem

by Zeh on December 30, 2009

Pra quem não percebeu pelos últimos posts, ou não leu o que escrevi antes, gosto muito de escrever histórias. Sempre foi a área em que me dei melhor na escola.

Uma das razões principais de eu ter criado este blog foi exatamente pra ter a oportunidade de poder escrever histórias e artigos em português sem ter de me preocupar muito com o conteúdo, ou com o que as pessoas iriam achar – afinal, é um blog feito pra ter conteúdo pessoal mesmo, então não tenho que me preocupar com alguém acessando o site do outro lado do mundo pra tirar uma dúvida de ActionScript e acabar se deparando com uma história estranha sobre gaivotas, velhos homens anônimos, ou outros seres parecidos.

Escrever histórias do tipo das que gosto de escrever acaba sendo um exercício de criatividade imenso. Acho que é por isso que gosto de escrevê-las. Pode não parecer, mas pra mim, as histórias que conto não são aquela coisa de escrever uma experiência anterior disfarçada de ficção só pra poupar os envolvidos: nunca estou falando de mim ou de algo que aconteceu e quero botar pra fora, mas sim tentando fazer uma metáfora de lições de vida (tão pretensioso como isso possa soar) ou só situações interessantes/irônicas que imaginei.

Por uma feliz coincidência (ou não), há um tempo atrás comecei a sair com uma garota que quase todo dia me pedia pra contar uma história pra ela antes de dormir – ao vivo, ou via instant messenger. Cheguei a ler histórias de livros de fábulas (ótimo pra praticar o inglês por sinal), mas o que me dava mais prazer era bolar alguma história na hora.

É por isso que muitas das histórias que escrevo aqui são baseadas em contos ou argumentos trazidos de outras histórias, como contos chineses. O que eu fazia era procurar alguma história rapidamente, ler mais ou menos a premissa básica, e começar re-contar a história com modificações próprias, inventando alguma história diferente no decorrer do processo. Às vezes, só um personagem ou uma frase já serviam de ponto de partida. Pra se ter uma noção, uma das histórias mais tristes que contei usava uma frase da letra da música de abertura do desenho Sawamu, o Demolidor como ponto de partida (a parte que fala dos insetos dos charcos). E quando paro pra pensar, muitas das histórias que eu escrevia quando era mais novo se baseavam na mesma receita: eu assistia alguma propaganda de filme, imaginava do que se tratava o filme, e escrevia uma redação com a história, ou só baseada num personagem específico (e depois, quando eu ia ver o filme, ele geralmente não tinha nada a ver com o que eu tinha escrito).

O relacionamento no final das contas não durou muito tempo, e acabou como a maioria dos meus contos acabam – sem um final feliz. Mas as histórias ficaram; salvas no histórico do MSN, escritas rapidamente num arquivo txt qualquer, ou até mesmo anotadas com pressa num post-it, tenho uma série de histórias prontas para serem traduzidas ou reescritas em português.

Mas, mais importante, ficou acesa a chama da escrita. Não só nas histórias já elaboradas que estão esperando pra serem postadas, mas nas idéias que ainda estão surgindo a todo momento, uma vez que a prática do exercício de imaginação foi relembrado.

Enfim, tudo isso pra dizer, não se surpreendam se a partir de agora eu postar mais histórias estranhas aqui do que outra coisa. Minha cabeça anda coçando.