Histórias em quadrinhos

by Zeh on November 16, 2011

Se tem um produto de consumo do qual sinto falta por aqui, é de histórias em quadrinhos.

É uma coisa estranha de se dizer, já que a indústria dos quadrinhos mundial Norte-Americana é uma das mais produtivas do mundo, e já que o mercado consumidor aqui é enorme.

A origem desse meu problema, no entanto, é uma questão prática curiosa: em São Paulo, era um ritual praticamente diário meu ir na banca de jornal ver quais eram os novos quadrinhos disponíveis (na banca de jornal do meu bairro, ou na banca de jornal em frente ao Conjunto Nacional, na Paulista). Eu sempre acabava voltando com algo novo; geralmente, alguma nova edição dos muitos mangás que eu lia regularmente, ou de alguma série do selo Vertigo.

Mas, por aqui, é difícil achar bancas de jornal que vendem quadrinhos em qualquer esquina; elas não são tão comuns. E, mesmo quando são (alguns locais têm grandes concentrações delas), as ofertas de quadrinhos são bem limitadas.

Existem enormes lojas especializadas, como a Forbidden Planet ou a Midtown Comics. Mas é aí que fica óbio um contraste estranho: ao contrário do Brasil, o mercado de quadrinhos por aqui acaba sendo um nicho, excluído do mainstream – você tem uma oferta bem maior de títulos, mas em locais específicos. Você tem de querer ir numa loja de quadrinhos pra se deparar com as revistas.

E é nesse ponto que outro bloqueio acaba sendo criado: existe tanta coisa pra ler que acabo caindo numa paralisia de opções que faz com que eu não acabe lendo nada. Ainda me lembro da primeira vez que visitei a Midtown Comics, na minha primeira semana em Nova York: passado o choque inicial, saí sem comprar nada, já que era muita coisa disponível. Na minha rotina paulistana, em contrapartida, as opções eram tão poucas que era fácil separar o joio do trigo.

Além disso tudo, quando vim pra cá, acabei fazendo uma lista de todas as séries que eu estava seguindo regularmente, e oo número da última edição que havia comprado. A intenção era chegar aqui e continuar lendo as histórias, sem perder a sequência. Existem alguns poréns, no entanto: algumas das séries que eu ia no Brasil não são publicadas por aqui; às vezes elas são publicas por aqui, mas estão com a cronologia atrasada (mangás, por exemplo, chegavam mais rapidamente no Brasil) ou adiantada; ou, finalmente, a numeração pode ser diferente devido ao formato e número de páginas publicado por edição, o que me impede de simplesmente continuar a leitura de uma história.

O resultado final é que muito raramente leio quadrinhos hoje em dia. Desde que cheguei aqui, acho que só li algumas edições da Heavy Metal (a grande exceção, aliás, já que ela é encontrada em várias bancas de jornal) ou reedições que não tinha conseguido completar no Brasil (há alguns meses atrás, por exemplo, re-adquiri Preacher, uma das melhores séries que já li, só pra ter o prazer de ler na língua original).

Pra mim, o ritual de ir na banca de jornal e ver quais títulos estavam disponíveis era tão importante quanto a leitura das revistas. Mas, por aqui, acho que preciso me acostumar a fazer assinaturas online. E fazer download de um monte de séries pendentes pra terminar de ler.